Feira reúne cuteleiros artesanais em Sorocaba

Nosso Campo - Facas Artesanais

Nosso Campo - Facas Artesanais
Facas Artesanais - Video Programa Nosso Campo - TV Tem Rede Globo

sexta-feira, julho 20, 2012

Sorocaba sediará encontro de cutelaria

Evento deve receber cerca de 90 expositores e pode ser considerado o maior da América Latina.

 
Entre os próximos dias 4 e 5 de agosto, Sorocaba se transforma na capital brasileira da cutelaria artesanal (nome da arte ou ofício de afiar e dar forma a lâminas de aço), com a realização da 1ª Feira Anual, programada para acontecer nas instalações do Instituto Humberto de Campos. Cerca de 90 expositores de todo o país são aguardados pela organização do evento que, de quebra, resgata um traço importante da vocação tropeira do município.
Foi durante o ciclo, quando da passagem das tropas de muares por aqui, que a atividade econômica local ganhou impulso graças, também, à produção e ao comércio de facas, estribos, bridões, cabos de chicote, arreios e outros acessórios. Além disso, na Real Fábrica de São João de Ipanema, hoje localizada dentro de Iperó, eram feitas baionetas acopladas aos fuzis usados como armamento na Guerra do Paraguai.
Pensando nesse mote histórico e, principalmente, no potencial de mercado que existe por ser trabalhado, um grupo de cuteleiros sorocabanos planejou o encontro, cuja receptividade junto aos artesãos convidados impressionou. Para se ter ideia, São Paulo, que realiza aquela que é considerada a maior reunião da agenda cuteleira da América Latina, mobiliza, anualmente, algo em torno de 50 participantes. Se a expectativa da feira for confirmada, a cidade assumirá, com folga, essa posição.
É no que acreditam os amigos Edson Vieria, Luiz Antonio Camargo (também conhecido como "Bola") e Nestor Cláudio da Silva. Os três, junto com o advogado Helio Rosa Baldy Filho, decidiram levar o empreendimento adiante e se dizem, agora, felizes com a repercussão que a iniciativa alcançou. À medida em que as inscrições chegavam, o grupo decidiu aprimorar a proposta e formataram uma programação que inclui não apenas ferramentas que poderão ser adquiridas pelos visitantes, mas, também, um roteiro com atrações, palestras e gastronomia.A feira terá, assim, peças expostas, shows de música caipira, e boa comida (o restaurante da instituição funcionará e deverá servir a tradicional bisteca). O elo com a cultura tropeira fica por conta das palestras que acontecerão e que abordarão, entre outros, temas como afiação, uso de facas e a história dos itens aqui fabricados, com destaque para a faca Sorocaba, que acabou se tornando grife da cutelaria.                               
Curiosidades

O universo cuteleiro é rico em curiosidades, além de movimentar cifras consideráveis. Por envolver a produção de peças artesanais, confeccionadas à base de aço, e materiais requintados como ébano do Gabão, madrepérola e até mesmo marfim de mamute (este obtido em regiões como a Sibéria, onde o degelo avança e revela fósseis), o preço praticado para venda alcança valores igualmente impactantes. Edson, Luiz Antonio e Nestor não fazem muito alarde, mas contaram que uma faca pode ter sua cotação inicial fixada em US$ 3,5 mil (ou cerca de R$ 7 mil).
A paixão pelo ofício é tanta, que os cuteleiros não se importam com o grau de dificuldade do trabalho que executam. Uma única peça pode levar até uma semana para ficar pronta. O processo é longo e cansativo. Nestor disse que o acabamento é a parte que mais esforço exige. Numa das peças que realizou, foram gastas quase 30 lixas aplicadas sobre o metal à mão. Edson, por outro lado, viveu a experiência de produzir uma cimitarra (como é chamado um sabre oriental largo e curvo), sob encomenda de autoridade de Macao, na China.
Indicado por um fabricante dos Estados Unidos, ele executou o serviço e teve a lâmina exposta numa feira internacional naquele país. A Feira Anual de Cutelaria Artesanal de Sorocaba (que resultou na sigla Facas) acontece entre 10h e 20h, e deve receber, nos dois dias, perto de 3 mil visitantes. O ingresso, válido para sábado e domingo, custará R$ 10. O Instituto fica na rua Humberto de Campos, 541.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul - Notícia publicada na edição de 19/07/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 011 do caderno A.
José Antonio Rosa    joseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário